Com os fatos estampados na cara, acordo eu todos os dias desde o momento que finalmente engoli essa ficha. Dentro de mim uma ponta de esperança misturada com aquelas lembranças dos dias
coloridos, onde o que eu enxergava eram cenas de um futuro brilhante, e de sonhos realizados. Agora estou sendo obrigada pela minha razão a mudar esses sonhos.
Ou apenas deixa-los de lado.
Pode alguém viver sem sonhos?
Ou podem eles serem substituidos?
Talvez não, talvez sim. Já que não fazem mais parte da minha realidade, esses velhos novos sonhos poderiam fazer as malas e simplesmente irem embora, sem deixar rastros ou sinais de saudade.
Mas isso não acontece mesmo, então eu tenho que lidar com essas fichas, malas não feitas e fragmentos de cores dentro de mim.
Suspirando, suplicando, implorando por doses de ar puro que refresquem esse espaço que inflava de felicidade e agora se sente murcho e sem vida.
Bola pra frente, menina.
Os sonhos não eram pequenos, nem mesmo as pessoas eram pequenas.
Na verdade talvez tudo tenha sido grande demais e sem encontrar espaço para crescer, resolveram ir embora, mais uma vez.
Cresça! Aumente seu espaço interno.
Não se entale com uma fichinha qualquer.
Cuspa todos esses sapos que engoliu todo esse tempo.
Respira, respira três vezes e se acalme.
Sua hora vai chegar. Pode não ser hoje, pode não ser agora. Enquanto isso não esqueça de você e do seu jardim. Olhe pra frente, descubra onde você irá agora e preencha seu olhar com borboletas, que, quem sabe, acabem pousando em seu ombro qualquer dia desses.
- Juli Mello
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